A neuralgia do trigêmeo (NT) é uma condição facial dolorosa associada a ataques de dor súbita, de forte intensidade, tipo choque elétrico, lancinante e unilateral, na distribuição dos ramos do nervo trigêmeo (quinto par de nervos cranianos). Pode acometer a região do olho, da bochecha ou da mandíbula.
Os ataques duram de alguns segundos a dois minutos e, geralmente, são associados a gatilhos típicos como, por exemplo, escovar os dentes, tocar no rosto, conversar e/ou comer. Geralmente, não há dor entre os ataques.
Também conhecida como tique doloroso e “doença suicida”, devido à sua gravidade e morbidade, essa condição causa um impacto significativo no bem-estar e na qualidade de vida dos pacientes. Afinal, muitos relatam episódios de dores moderadas a graves, com comprometimento funcional, ocupacional e emocional associados.
Sua incidência anual estimada é de 4,7 a 28,9 casos por 100.000 pessoas, sendo 1,5 vezes mais comum em mulheres. Os sintomas costumam aparecer após os 40 anos de idade, com um pico entre 50 e 60 anos.
Causas da neuralgia do trigêmeo
A Neuralgia do Trigêmeo é classificada em primária e secundária. Os casos de NT primária ou clássica podem ser atribuídos, em grande parte dos casos, à compressão do nervo trigêmeo por um vaso sanguíneo. Por sua vez, a NT secundária é atribuída à compressão por um tumor ou como resultado da desmielinização do nervo, causada pela esclerose múltipla avançada, por exemplo.
Formas de tratamento
Uma história detalhada e um exame físico focado são as chaves para diagnosticar a NT e selecionar o tratamento apropriado. Na NT clássica, a dor é unilateral e ocorre na distribuição de uma, duas ou três divisões do nervo trigêmeo. As distribuições V2 e V3 são mais comumente afetadas.
Se após um diagnóstico minucioso o médico concluir que a causa das fortes dores seja, realmente, o nervo trigêmeo, o primeiro passo é identificar o que desencadeou a doença. Com isso, o especialista poderá indicar o tratamento correto.
Aumentar a qualidade de vida do paciente, por meio do alívio da dor, é o principal objetivo do tratamento que, geralmente, é realizado por meio do uso de medicamentos.
Porém, há casos em que as crises são muito fortes e frequentes, chegando a ter vários episódios em um mesmo dia, e os medicamentos não são eficazes. Nessas situações, o médico pode indicar um procedimento cirúrgico, onde a compressão existente sobre o nervo será removida ou o próprio nervo será danificado, de forma a impedir as crises dolorosas. Contudo, dependendo do caso e do organismo do paciente, poderá acontecer uma recorrência dos sintomas.
Pela primeira vez, procedimento minimamente invasivo é realizado na Unimed Chapecó
No dia 18 de julho de 2020, foi realizada pela primeira vez no Hospital da Unimed de Chapecó, um procedimento minimamente invasivo para controle da dor da Neuralgia do Trigêmeo. Trata-se da radiofrequência do nervo trigêmeo, indicada somente para os pacientes que não melhoraram com o tratamento medicamentoso. Todo o procedimento é realizado sob anestesia local mais sedação, sem cortes, onde o paciente não precisa ficar internado, ou seja, em 95% dos casos, é liberado para sua casa no mesmo dia. Neste caso, após realizar a anestesia local, foi introduzida uma agulha fina na bochecha do paciente, onde, guiados por um exame de imagem (radioscopia), localizamos o local exato para realizarmos o procedimento. Com isso, colocamos um eletrodo dentro dela.
Este eletrodo é conectado em um aparelho específico gerador de radiofrequência, cujo objetivo é inativar o nervo por um período, proporcionando melhora substancial das queixas relatadas anteriormente.
Fonte:
MOORE, et al. A systematic review of rescue analgesic strategies in acute exacerbations of primary trigeminal neuralgia. British Journal of Anaesthesia, 123 (2): e385ee396 (2019)
Alexander X. Tai, Vikram V. Nayar. Update on Trigeminal Neuralgia. Curr Treat Options Neurol (2019).
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